sexta-feira, 17 de outubro de 2014

As Máscaras nas Sociedades Africanas

Nenhuma sociedade humana ignorou a existência das máscaras, que surgiram depois que o desenvolvimento da civilização humana atingiu o estágio da cultura. Na antiguidade, da Grécia à América, através da Ásia e da Oceania, as máscaras simbolizavam os deuses, encarnavam a beleza e o terror, expressavam a ilusão e a imanência, além da calma, da ordem e da serenidade.
Na África, um continente conhecido pela riqueza de sua arte, as máscaras são uma maioria dominante nas artes visuais. A máscara aqui pode ser considerada um fenômeno artístico caracterizado por sua onipresença e a diversidade de suas formas e estilos.
As máscaras são encontradas por toda a África, nas savanas, tanto dos países sudaneses quanto dos países Bantus, nas florestas do Golfo da Guiné e na Bacia do rio Congo, regiões que abrangem diferentes civilizações.
A presença marcante da máscara é independente das características geográficas, culturais, sociais ou políticas. No entanto, existem regiões na África, onde a cultura das máscaras tem uma maior tradição. Como, por exemplo: Sudão ocidental, especialmente os povos Bambara, Dogon, Mossi e Bobo;

Máscara Dogon

Máscara Bambara

Máscara Bobo


As áreas costeiras, da Casamansa à foz do rio Congo, especialmente os povos da Guiné, Costa do Marfim, Nigéria, Camarões e Gabão;
No Congo, na República Democrática do Congo (antigo Zaire) e em Angola.

Formas das Máscaras

As máscaras são esculpidas em formas variadas, utilizando diferentes materiais, mas com a predominância da madeira clara. Há uma profusão de formas, mas três grandes tendências se destacam.

Máscaras com formas de animais ou máscaras zoomórficas:

Elas identificam as características dominantes dos animais representados pelas máscaras. Por exemplo, as máscaras do povo Bambara, utilizadas durante as danças rituais, que ocorrem em grandes eventos, retratam leões, hienas e antílopes. Da mesma forma, as máscaras utilizadas nas danças rituais dos povos Guro e Baulê, retratam cabeças de cães, cabras, gazelas, búfalos, elefantes entre outros.


Máscaras representando figuras humanas ou máscaras antropomórficas:

Elas são representações de homens ou mulheres. Por exemplo, entre o povo Dogon, as máscaras antropomórficas podem representar os anciões, os sacerdotes, os caçadores ou os feiticeiros.

Máscaras Antropozoomórficas:

Essas máscaras combinam traços de animais e características humanas, mas com a preponderância das características humanas. Assim, ao rosto humano são atribuídos elementos particulares do animal representado, como, por exemplo, chifres, penas, dentes e etc., com o objetivo de realçar as características simbólicas da máscara.

Estilos das Máscaras

Através das formas que dão ao material, os escultores de máscaras se esforçam para tornar visível o invisível e para conseguir expressar suas ideias. A união de elementos naturais e abstratos, bem como de elementos expressionistas e surrealistas, dá origem à essa forma de expressão cultural, que é a máscara. Uma cabeça poderosa, olhos brilhantes, chifres de um búfalo, carneiro ou antílope, às vezes com a boca de um crocodilo, transmite uma impressão de força e poder. O equilíbrio estético, a simetria e a expressão devem evocar a grandeza do contexto sobrenatural, que a máscara quer representar.
Dois estilos se destacam de forma muito clara, através dessa mistura de formas:
  • Estilo Cubista, dominado por formas geométricas que é característico das máscaras dos povos Dogon, Bambara, Bobo e We (especialmente o povo Guere);
  • Estilo Naturalista que domina a representação do real visível, encontrado nas máscaras dos povos Guro e Baulê, e nos povos do Benin.
Há, ainda, um terceiro estilo, considerado intermediário, encontrado entre os escultores de máscaras dos povos Dan e Senufo, para citar apenas dois exemplos.

Importância da Costa do Marfim

As características geográficas e culturais, e a intensa interação comercial com outros povos, fizeram com que a escultura de máscaras na Costa do Marfim atingisse um elevado padrão estético.
As características culturais dos povos do Alto Níger e da Curva do Niger, aparecem na Costa do Marfim, através da escultura do povo Senufo, que também introduziu neste país certas formas estilísticas dos povos Bambara e Dogon.
Os estilos cubistas e naturalistas, da costa ocidental da África, da Guiné e da Libéria chegaram à Costa do Marfim, através dos povos Dan e We. Essas influências foram disseminadas através da Costa do Marfim pelo povo Guro.

Máscara Guro

Máscara Dan


O povo Baulê absorveu as técnicas artísticas da região da costa oriental do Atlântico, através dos povos Akan, Adja e Yoruba, e os estilos dos povos Senufo e Guro, fazendo assim uma síntese das concepções artísticas dessa região da África Ocidental.

Máscara Baulê

Máscara Senufo


Todos esses aspectos contribuíram para a grande riqueza cultural da Costa do Marfim, tornando-a uma das regiões mais importantes na escultura de máscaras na África.

As Funções da Máscara

A escultura de máscaras na África é um fenômeno artístico que, por sua ubiquidade, pode representar um padrão de representação artística, como uma forma de expressão cultural. Isto significa que as máscaras têm um papel de testemunhas do cotidiano e são reveladoras das características da civilização de um povo.
No Ocidente, a ideia de escultura é essencialmente técnica, onde esculpir significa "cortar com um cinzel uma figura ou uma imagem em pedra, madeira ou mármore". Uma das principais características comuns em toda a África, no campo da escultura, é que as máscaras esculpidas não são feitas para serem contempladas como obras arte, mas para serem usadas durante as cerimônias ritualistas, sociais ou religiosas.
A figura que está esculpida na máscara, na realidade representa um personagem, um ser que é ao mesmo tempo uma divindade e uma força da sociedade humana. Quando uma pessoa usa a máscara ela é investida com os atributos dessa força divina e social. As máscaras africanas são identificadas pelo tipo de utilização e importância de suas funções. Essas características também explicam as diferenças no tamanho, forma, roupa, figura e etc ...
Entre o povo Senufo, por exemplo, existem duas grandes classes de máscaras, no que diz respeito à forma, e oito classes, com relação à utilização. Assim, as máscaras de iniciação, como da sociedade secreta Poro, são grandes e com formas de animais. Estas máscaras estão envolvidas na educação e na formação dos homens, portanto, essas máscaras têm uma função positiva. Por outro lado, outras máscaras são destinadas para funções mágicas, tanto para o bem quanto para o mal. Elas são pequenas e têm um rosto humano.
No caso dos povos We e Dan, as máscaras grandes são aquelas que têm uma função de comando, idade e conhecimento. São as máscaras de sabedoria, justiça e guerra.
Em razão do nosso limitado conhecimento sobre a sociedade Senufo, se torna difícil dar uma descrição precisa das funções das máscaras utilizadas por esse povo. O mesmo problema existe com relação aos povos Dan e We. No fundo, o estudo das funções das máscaras, nas sociedades africanas, acaba exigindo uma abordagem diferente da tradicional, como, por exemplo, a utilizada por um pesquisador leigo, sem caráter religioso, que vai coletando, de aldeia em aldeia, informações sobre as estruturas sociais e as instituições.

Desta forma, é possível perceber que, na maioria das regiões, existem vários tipos de máscaras por aldeia, devido as diferentes funções que lhes são atribuídas, em razão das necessidades da vida social, e que a função principal das máscaras é a manutenção da ordem, seja ela no mundo, na sociedade e nas famílias.

Máscaras Yoruba

Isso significa dizer que a máscara intervém diretamente na recuperação da ordem cósmica, quando esta é perturbada por alguma ação contra as leis do universo. Dessa maneira, quando ocorrem calamidades naturais ou catástrofes humanas, as máscaras indicam os sacrifícios necessários, para reparar os efeitos das transgressões que causaram os problemas. Além disso, devem garantir a correção dos costumes, a fim de que sejam respeitadas as proibições, que estão na base da estrutura das famílias e das aldeias.
Em última instância, as máscaras de sabedoria resolvem os casos, onde a justiça dos homens não consegue resolver a situação que esteja afetando o equilíbrio da sociedade. Sua intervenção nos problemas de guerra e paz também se destina a preservar a ordem social.
Fica claro que os homens necessitam da autoridade dos deuses, espíritos e antepassados, para manter a ordem na sociedade e no mundo. Nesse aspecto, as máscaras encarnam os guardiões sobrenaturais e naturais da autoridade. Elas, portanto, funcionam como recipientes do sagrado e, por consequente, como base para a lei, razão da ordem e do poder.
Assim, a sacralização da autoridade, através de seu investimento na máscara, é uma maneira de garantir a sua legitimidade e poder. Tudo isso nos permite compreender que as máscaras aparecem, portanto, em última análise, como os aparatos ideológicos da sociedade tradicional africana, para assegurar a conservação da ordem natural, buscando o equilíbrio e a luta contra a anarquia. Elas expressam bem a situação das sociedades que buscam não quebrar a continuidade primordial entre o mundo dos homens e o mundo dos deuses, entre o natural e o sobrenatural.

domingo, 12 de outubro de 2014

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS

Grande homem é aquele que não perdeu o coração de criança.

Todo mundo carrega dentro de si uma criança. E todo mundo aprende a reprimi-la para ser adulto. Crescemos e “temos” que ser sérios.
Quantas vezes você já não ouviu alguém dizer: “deixe de criancice!”? E desde quando precisamos deixar de ser crianças?
Ria de você mesmo, seja “ridículo”, brinque na chuva, de fazer castelos na areia, de fazer castelos no ar… Sonhe, faça bagunça no meio da rua, cante na hora que der vontade, converse com você mesmo como se tivesse conversando com um amiguinho, assista desenho animado e veja a sua vida como se ela fosse um desenho animado, brinque com uma criança… como uma criança…
Fique feliz simplesmente por ficar, sorria e ria sem motivo, ria de você, dos seus dramas, do ridículo das situações.
E acredite na pureza do ser humano… Na pureza de criança que talvez esteja escondida, mas que existe em cada um de nós.
Para alguns você vai parecer louco, bobo ou infantil… Mostre a língua para esses “alguns” e diga, como uma criança: “sou bobo, mas sou feliz!”
Esses “alguns” com certeza têm uma criança maluquinha, doida pra fazer bagunça também.
A vida já é muito complicada para vivermos sérios e carrancudos.
E isso tudo não é deixar de viver com seriedade… É viver com a leveza de uma criança e obrigações de adulto.
Fica muito mais fácil viver assim.
Então, coloque uma panela na cabeça e solte o menino maluquinho que existe dentro de você! Só não vale subir no muro e achar que sabe voar, né?
Que Nossa Senhora da Aparecida e seu Anjo da Guarda, estejam sempre presente, protegendo de todos os males dessa vida.
Feliz Dia das Crianças!

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

INTRODUÇÃO A ARTE ACADEMICA

Entende-se como arte acadêmica a pintura e escultura produzidas sob a influência das academias europeias do Século 19, nas quais muitos dos artistas recebiam seu treinamento formal.
A arte acadêmica tem como características básicas o rigor do estilo, o uso de temas históricos ou mitológicos e um tom moralista. Não é uma escola ou um movimento específico.
O neoclassicismo, por exemplo, está associado a essas academias, podendo ser considerado uma arte acadêmica. Todavia, o termo Arte Acadêmica está associado muito particularmente à Academia Francesa e à influência desta nos Salões do Século 19. Seu estilo está referenciado em artistas como Burguereau e Jean-León Gerôme.

Observe a seguinte reprodução da obra de Pedro Américo:
  • O grito do Ipiranga, de 1888, 415 x 760cm, Museu Paulista






Você já deve ter visto esse quadro em livros ou até mesmo ao vivo (ele está no Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga em São Paulo - Clique para ver lista de site de museus do Brasil e do mundo).

O que você sabe sobre ele? Olhando para a obra, você acha que o pintor estava lá, presente e retratou o fato?

Pedro Américo sequer era nascido em 1822. A casa ao fundo (à direita) também não existia na época. Sendo assim, porque o pintor retratou o acontecimento desta forma?

Beleza ideal
Uma das características gerais da pintura acadêmica é seguir os padrões de beleza da Academia de Belas Artes, ou seja, o artista não deve imitar a realidade, mas tentar recriar a beleza ideal em suas obras. Sim, a ideia foi retratar o fato como grandioso, com o intuito de enaltecer o Império e o nacionalismo - o Brasil havia proclamado sua independência havia pouco tempo.

O academismo, importado da Europa, dominou as artes plásticas no Brasil até o início do século 20. Por isso, prevaleciam temas históricos e mitológicos nas pinturas daquele período, temas típicos do neoclassicismo.

O centro de referência do movimento e a referência histórica mais importante no país era a então Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, que foi inaugurada em 1826 pelos artistas da Missão Artística Francesa.

Os principais artistas acadêmicos são:


  • Pedro Américo de Figueiredo e Melo: Sua pintura abrangeu temas bíblicos e históricos, mas também realizou retratos imponentes, como o de dom Pedro 2ona Abertura da Assembleia Geral, que é parte do acervo do Museu Imperial de Petrópolis (RJ). Mas a sua obra mais conhecida é mesmo "O Grito do Ipiranga".
     
  • Vitor Meireles de Lima: Em 1861, produziu em Paris a sua obra mais famosa, "A Primeira Missa no Brasil". No ano seguinte, já em nosso país, pintou "Moema", que retrata a personagem indígena do poema "Caramuru", de Santa Rita Durão. Os temas preferidos de Meireles eram os históricos, os bíblicos e os retratos.
     
  • José Ferraz de Almeida Júnior: é considerado por alguns críticos o mais brasileiro dos pintores nacionais do século 19. Suas obras retratam temas históricos, religiosos e regionalistas. Além disso produziu retratos, paisagens e composições. Suas obras mais conhecidas são: "Caipira Picando Fumo", "O Violeiro" e "Leitura".

    • Caipira picando fumo, 1893, Pinacoteca do Estado de São Paulo
    Fonte: Artcyclopedia


ARTE ACADEMICA



obra de ludovico carracci

Após o desaparecimento dos grandes mestres renascentistas, dos quais Ticiano foi o último, a pintura italiana sofreu sensível decadência surgindo numerosos artistas denominados ‘maneiristas’. Desenhavam e coloriam muito bem, com extrema facilidade, mas eram carentes de poder expressivo. Possuíam apenas a técnica, mas não transmitiam emoção, coisa própria dos artistas. Era o caso desses ‘maneiristas’ que fervilhavam pela Itália. Foi, então, em face disso, que três pintores resolveram fundar na cidade de Bolonha, uma academia de pintura, que mais tarde veio a ficar famosa. Os três eram parentes, os Carracci – Aníbal (1560/1609), Agostinho (1557/1602) e Ludovico (1555/1619).


Em 1585 a academia recebeu o nome de ‘Academia dos Bem Encaminhados’, e aí estão as raízes da pintura acadêmica, apesar de várias delas terem surgido ao longo da história da arte; várias tentativas foram feitas para emancipar os artistas das associações corporativas de operários, artesãos e negociantes. Mas a que primeiro vingou foi essa, a dos Carracci. Segundo a doutrina deles, a pintura se destinaria a representar, temas, assuntos, cenas e acontecimentos de valor elevado, de ordem moral e espiritual. A inspiração deveria vir, portanto, da mitologia grega, das histórias Sagrada e Antiga, buscando sempre idealizar o homem e a vida. Portanto o pintor deveria ser erudito, conhecedor de história, religião, literatura e filosofia. Precisavam conhecer anatomia, porque a essência da beleza estava no corpo humano, corretamente proporcional.
 Ainda, segundo o programa dos Carracci, os mestres do Renascimento haviam sido insuperáveis em determinadas técnicas e recursos expressivos: Leonardo Da Vinci era mestre na técnica do ‘claro-escuro’; Miguel Ângelo, no desenho; Rafael, na composição; Ticiano, no colorido. Então, para que um pintor produzisse uma obra prima, bastaria reunir todas as qualidades marcantes desses mestres. Porém como esses mestres alcançaram essas técnicas inspirando-se nas obras da antiguidade clássica greco-romana, o programa dos Carracci determinava que o pintor deveria começar a aprender desenho copiando as cópias das estátuas antigas, gregas e romanas, para depois passarem a desenhar diretamente a figura humana, o modelo profissional de atelier, bem proporcionado, bonito, em atitudes copiadas das estátuas clássicas.


As academias, de maneira geral, sustentam a opinião de que se deve exigir de todo o artista, um certo padrão de qualidade técnica e artesanal. Porém, grande parte dos melhores e mais criativos artistas do século XIX colocaram-se à margem das academias e buscaram canais alternativos para exibirem suas obras.

                 William Bouguereau

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Arte Sempre: História da Arte - Idade Contemporânea

Arte Sempre: História da Arte - Idade Contemporânea: Idade Contemporânea (Do século XVIII ao final do século XIX) A Idade Contemporânea é o período que marca desde a Revolução Francesa, fato ...

Projeto: Releitura Moderna

Ola pessoal, estou na correria, mas muito feliz.
Final de bimestre e muito trabalho, mas, o resultado é maravilhoso.
veja este projeto: Releitura moderna, estou muito feliz com o resultado.










segunda-feira, 8 de setembro de 2014

VICTOR MEIRELLES – 1ª MISSA NO BRASIL




Victor Meirelles  nasceu em Nossa Senhora do Desterro, denominada hoje de Florianópolis / SC - Brasil, a 18 de agosto de 1832. Filho de pais humildes, Victor logo demonstrou sua vocação para o desenho, impressionando o pintor argentino Mariano Moreno, que orientou seu primeiro aprendizado. Graças aos amigos do pai, que contribuíram para pagar-lhe os estudos, Victor embarcou em 1846 para o Rio de janeiro, para a Academia Imperial de Belas Artes – que impressionou com sua obra sobre a capital catarinense. 

Foi um grande entusiasta dos pintores venezianos, principalmente Veroneze, pela sua cor. Sua obra acima, a Primeira Missa no Brasil, mostra que a cena principal é o grupo que fica no altar. A luz incide sobre o sacerdote, criando um ambiente místico, coerente e harmônico, entre os gestos do Frei Henrique e os dos ajudantes. Os personagens, bem distribuídos, os brancos com a fé e os índios, surpresos e curiosos. A paisagem é magnífica: à esquerda a montanha e à direita o mar.

A tela Moema, mostra toda a sensibilidade de Meirelles; mostra todo o sentimento poético., Moema era uma índia que revelou o espírito lírico de Meirelles e de sua humildade diante da natureza.

Estudou a fundo as técnicas do desenho e da pintura, ganhou o primeiro Prêmio de Viagem à Europa, onde visitando quase que diariamente o Louvre, se apaixonou pela pintura histórica de David. E foi lá que trabalhou uma de suas obras mais importantes: a Primeira Missa no Brasil – 1861 – aceita no Salão de Paris, fato inédito para um artista brasileiro. A obra da Primeira Missa foi apoiada na leitura da carta de Pero Vaz de Caminha, o que confirma o caráter narrativo e documental de sua obra.

Porém, foi com a Guerra do Paraguai, com os enormes quadros Passagem de Humaitá e o Combate Naval, que sua imaginação alcançou voos, sem dar ouvidos aos invejosos que o criticavam pela sua enorme criatividade. Sua obra histórica transformou-se num clássico á altura dos maiores mestres.

Talvez por ter sido condecorado por D. Pedro II, foi menosprezado pela República, tendo mesmo sido demitido da cátedra. O pintor do equilíbrio e do rigor técnico passou a ser ignorado. Mas foi ele quem deixou ao Brasil um dos maiores legados da história brasileira, num período que carecia de testemunhas oculares.

Com a proclamação da República em 1889, Victor Meirelles é afastado da cátedra e da vida artística, passando a levar uma vida de solidão e privações até fevereiro de 1903, quando morre totalmente esquecido.
A obra do gênio catarinense, hoje é reconhecida no mundo inteiro, como um dos pontos altos da arte americana.

O Museu Victor Meirelles/IBRAM/MinC foi inaugurado na cidade de Florianópolis em 1952, na casa onde nasceu o artista Victor Meirelles. O sobrado, tombado como patrimônio histórico nacional em 1950, foi construído por volta do final do século XVIII e início do XIX e abrigou o comércio da família Meirelles de Lima. O Museu possui duas coleções em seu acervo. A coleção Victor Meirelles é formada por obras de autoria do artista, de seus professores e alunos, a partir da cessão do Museu Nacional de Belas Artes na época da criação do Museu, bem como de aquisições e doações de instituições e particulares. A Coleção XX e XXI, por sua vez, é composta por trabalhos de artistas modernos e contemporâneos oriundos de doações realizadas ao Museu ao longo dos anos. (fonte folder do Museu)

 Obras apresentadas no blog:
Combate Naval do Riachuelo - 1865
Passagem de Humaitá - 1886
Moema - 1866
Primeira Missa no Brasil – 1861
Retrato de D. Pedro II - 1864
Guerra dos Guararapes – 1879
Vista do Desterro - 1846








Referências:
http://taislc.blogspot.com.br/2014/08/victor-meirelles-1-missa-no-brasil.html

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

BARROCO / INTRODUÇÃO



Igreja Santiago de Compostela
   
UM POUCO DA HISTÓRIA DO BARROCO 


O período conhecido como Barroco,  que abrange os sécs. XVII e XVIII da arte européia, pode ser encarado como um meio-termo entre a Renascença e a era moderna. Num certo sentido foi a retomada da Renascença.

Como todas as fases da arte, o Barroco passou pela conhecida sequência de ascensão,  apogeu e declínio. Mas a semelhança com a Renascença vai ainda mais longe. Os artistas do Barroco e da Renascença defrontavam-se, essencialmente, com os mesmos gêneros de tarefas e trabalhavam, predominantemente, para os mesmos clientes: a corte, a aristocracia e a Igreja.  

O Barroco foi um termo estilístico para descrever a arte que surgiu primeiro na Itália, pouco antes de 1600, florescendo até meados do séc. XVIII espalhando-se pela França, Alemanha, Áustria, Polônia, Espanha e colônias espanholas além-mar.

Em italiano e francês circulou como um sentido metafórico que significava qualquer ideia enrolada ou um processo tortuoso e intrincado de pensamento.

A sua aplicação à arte só começou na segunda metade do séc. XVIII, durante a ascensão do Neoclassicismo. Era até certo ponto um estilo em oposição aos valores clássicos.

O crítico italiano Milizia escreveu em 1797: ' o Barroco é a última palavra em bizarria; é o ridículo levado a extremos. Borromini caiu no delírio, ao passo que, na sacristia de S.Pedro, Guarini, Pozzi e Marchione adotaram o Barroco'

No séc. XIX a palavra continuou a ser usada para certos aspectos da arquitetura italiana seiscentista, embora a hostilidade para com o estilo se propagasse às outras artes e também à arte de outros países. Só depois da publicação de 'Renaissance und Barock – de H.Wölfflin, 1888, foi que o Barroco neutralizou-se para fins de história da arte, mesmo que aplicado a um período anterior – 1530 e 1630.

Apenas na Alemanha era respeitada, no resto da Europa era considerada, ainda, uma continuação aviltada da arte da Renascença.

Na Inglaterra e na América o preconceito popular contra o Barroco manteve-se até quase a II Guerra Mundial. Desde então teve aceitação - em parte - devido à disposição contemporânea em considerar qualquer estilo segundo os seus próprios méritos, em vez de julgá-lo de acordo com padrões estéticos abstratos e devido a audácia do Barroco para o gosto moderno.

Igreja de Jesus, Roma de arquitetura de Giacomo Vignola, iniciada em 1568: o uso barroco de materiais ricos e decoração com ornatos como meio de glorificação a Deus e apêlo às emoções do crente, é apresentado nestas fotos. No início a decoração era despojada e só recebeu a sua presente forma no final do séc XVII. Pinturas da cúpula e nave por Gaulli - de 1672 a 1683.



O pioneiro desta arte, torneada, ousada e cheia de rebuscamentos luxuosos foi o italiano F. Barromini no século XVII. O barroco mostrou-se não só nas artes propriamente dita, mas também na literatura e na música. O ponto alto eram os detalhes. Tudo estava de acordo com as aspirações da época, pois a soberania européia aspirava por um estilo que exaltasse seus reinos, demonstrando com isso, todo o poder que tinham. 

Notabiliza-se pelo dinamismo e movimento das formas, violentos contrastes de sombra e luz para obtenção de intensos efeitos expressivos, bastante emocionais, ora patéticos, ora suntuosos. Essa movimentação das formas dramática ou decorativa, observa-se também na arquitetura e na escultura.
O Barroco no Brasil / clique aqui
O Barroco e a Igreja Católica / aqui 

Releitura Moderna

Releitura da obra O Mestiço,1934 - Candido Portinári, aluno Marcelo.

A figura do lavrador mestiço, com braços cruzados, lembra aquelas composições italianas. Aqui Portinari foi buscar referências em seus tempos de infância, quando trabalhava nos cafezais paulistas.

As mãos e a cabeça agigantadas conferem eloquência à narrativa e monumentalidade para glorificar o trabalho das classes operárias. As tonalidades do marrom e o roxo dos campos cultivados expressam a vitalidade da terra.

O trabalho de releitura "moderna" confere ao aluno a sensibilidade da auto comparação, e a contextualização nos tempos atuais, fazendo uma referencia ao trabalho e ao povo brasileiro.